por Celuy Roberta Hundzinski
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A história do labirinto começou, como sabemos, com a mitologia grega, onde o arquiteto Dédalo, a pedido do rei Minos, construiu um labirinto para aprisionar o Minotauro, filho da traição de sua esposa Pasífae com um touro. A construção foi tão bem feita, que ninguém conseguia escapar ao monstro. Dédalo só confiou o segredo à Ariana, filha de Minos, que o contou ao seu amante Teseu, provocando a cólera de seu pai, o qual mandou aprisionar Dédalo com seu filho Ícaro. Finalmente, construindo asas, Dédalo e Ícaro conseguiram fugir, mas a desobediência do filho o fez voar muito perto do sol, provocando o derretimento da cera e destruindo as asas, o que o fez cair ao mar e morrer. Teseu, por sua vez, desafiou o Minotauro e o derrotou seguindo o conselho de Dédalo: amarrar um fio na entrada do labirinto e levá-lo consigo para depois poder achar o caminho de volta.
Há quem diga que o labirinto provoca a profusão e a confusão dos sentimentos, exercendo uma espécie de posse sobre o homem que não consegue desvendá-lo em sua integralidade. Um ponto de vista redutor consiste a limitá-lo a um desafio arquitetural. Os construtores da Antiguidade preferiam uma razão mais profunda, eles tinham consciência de seu potencial artístico. Sua riqueza faz dele uma verdadeira fonte de inspiração. Leonardo da Vinci sempre os colocava como plano de fundo de seus quadros. O surrealismo estuda o simbolismo do labirinto. Rabelais não o deixou de fora da literatura, inculcando-lhe a divisa: “Faça o que quiser”, orna-o como o “jardim de prazeres femininos” e se associa a uma filosofia do prazer de viver, onde divertimento e aprendizagem não são incompatíveis. Jorge Luis Borgès o valoriza como um símbolo forte da perplexidade dos homens face aos mistérios da vida. Goethe disse que o que o homem não sabe ou não tem nenhuma idéia, passeia na noite através do labirinto do espírito.
Antes de ser uma fantasia arquitetural, o labirinto é um símbolo poderoso; uma filosofia humana, além de uma figura original, geométrica, sagrada ou mágica. Sua existência material só constitui uma parte de sua história. Sua solução encontra-se em uma aventura interna, com a condição de aceitá-la e entregar-se a ela.
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